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Mostrando postagens de 2014
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Sobre cinema, escola, garças e macarrão com feijão Baixada Fluminense, mais precisamente São João do Miriti. No CIEP José Lins do Rego (Brizolão), alunos andam pelos corredores da escola com suas telas pintadas, professor me conta a experiência com Cinema na escola: filme feito pelos estudantes que participou de Mostra de curtas, o cineclube organizado por ele que se chama... "cineclube!". Almoço marcarão parafuso com carne moída e feijão preto // na escola//. Na rua próxima à estação do metrô Pavuna, frenesi. Muita gente se mistura às bicicletas, ônibus, motos, à agua que escorre próxima às calçadas e às barracas onde se encontra de tudo: lingeries, doces, ovos, peixe, frutas, verduras, roupa infantil, caranguejos, parafusos, capas para celular, fones de ouvido. Compro uma imagem de São Jorge e incensos Vencedor de demanda e Dama da noite na loja de artigos religiosos. Na feira compro uva sem semente e morangos. Peço pra tirar fotos. Vendedor diz: "depende, p
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PORTINHOLA Numa favela onde habitam pedreiros, carpinteiros e operários Uma velhinha tem um sonho: Quer trocar a porta da sua minúscula casinha pela porta da geladeira Consul que está abandonada no terreno baldio. Com a ajuda de vizinhos ela realiza seu sonho e hoje a casinha dela tem uma porta vermelha, esmaltada com a coroa da Consul na frente. A velhinha é hoje a rainha feliz da casinha dela. E a favela (ah a favela...) reconfigura o urbano e confere sentido às diversas vidas que sobem e descem suas escadarias e vielas.
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RECREIO Brasil. Século XXI. Rio de Janeiro. Mais precisamente Vidigal. Gritaria, corre-corre. Em uma escola pública cravada nas rochas de frente para o mar, crianças de todos os tipos físicos, tamanho, tons de pele, idade, tipos e estilos de cabelo, fazem a mesma coisa: brincam. Pega-pega, esconde-esconde, menina pega menino, futebol, maquiagem, comidinha: sanduiche em folha de árvore recheado com areia, uma espécie de ginástica-alongamento nos corrimãos que ficam de frente pra o mar, meninos deitados no chão conversando e olhando pro céu, amigas andando de mão dadas. Apenas duas meninas estão sentadas juntas olhando o celular. Dizem que as brincadeiras são mais antigas que as crianças e que elas já existiam antes mesmo de inventarem as crianças. E que antes todos brincavam: pula-sela, barra-manteiga, mão na mula, esconde-esconde, cadeirinha, mãe da rua, passa anel, telefone sem fio, cobra-cega... Século XXI. Em algum lugar do mundo crianças andam muito ocupadas brincando. Dis
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Ontens Ontem sonhei com uma história onde tudo acontecia. O amor era pleno, a estrada vermelha e um pássaro voava no céu. O amor voou de longe, veio montado em pássaro, ele próprio meio pássaro meio gente. Pintou a cara com urucum maduro, comeu queijo, bebeu cachaça. Dormiu no chão e acordou com marca de raiz cravada nas costas. Bebeu vinho e despertou pela madrugada pra fitar o ceu que tinha mais estrela que céu. Encontrou velhinha na rua, comeu comida dela, quis ouvir história, tirou fotografia. Todo dia espantava boi na porteira e sempre de manhã brincava com uma cadelinha pra quem deu o nome de Fusquinha. O amor chorou também e também tomou banho de chuveiro quente. O amor aprendeu outra língua e saía falando com tudo pelo caminho: com mato queimado, como o cara-cará, com os peixinhos. O amor tomou banho de cachoeira e ficou resfriado. A água estava muito fria e era junho. O amor tomou chá de limão com alho, melhorou da gripe, subiu no pássaro e foi embora. Dizem que ele and
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Te olho com olhar de pássaros enquanto minha cintura é rodeada por uma chama que me sobe, ilumina e cora a face. Repouso meu corpo em uma árvore e murmuro segredos, dentre eles, teu nome. Outras palavras secretas as guardo dentro de mim, mas, algumas vezes, as confidencio ao sol, às arvores, à chuva, ao mar. Meus grandes e nem sempre silenciosos amigos. Então cerro meus olhos, subo ao cume de uma montanha e grito teu nome. O vento carrega seu eco e a revoada de pássaros se lança ao abismo.
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POTIGUAR Potiguar. Terra de Câmara Cascudo, água de azul profundo que se junta ao azul puro do céu sem nuvem. Terra das desutilidades poéticas: o bode Frederico, os mercadinhos, o cavalo Thor, a geléia da Elisa, as meninas de pele morena sentadas na beira da praia. Terra onde o mar em seu existir profundamente ininteligível - assim como o mundo - convida ao encontro com o desconhecido. Arrasta e desafia o homem. Joga o caboclo lá no fundo e pergunta: o que é preciso pra sobreviver? Calma e paciência, responde a sapiência do cabra. A mim, como dizia o poeta, me resta molhar o pé no riacho e agradecer a nosso senhor. Ir olhando coisas a granel, coisas que pra módi vê, só o cristão que anda a pé pode realmente conhecer.
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BAILE DE LAS AGUILAS Abajo del cielo estrellado del Trópico de Capricornio cuerpos enmascarados de hombres y mujeres habitan pequeñas casas de madera, milpas, canchas de futbol. Grandes músicos celebran la noche, la libertad. Guitarras se mezclan con los violines, marimbas y teclados electrónicos. Mientras unos duermen sobre telas coloridas, otros bailan. Algunos solamente observan. En la madrugada del Trópico de Capricornio, esos hombres y mujeres-maíz-frijol-calabaza, antes serpiente, jaguar, Pakal, abajo del cielo estrellado, reverencian compañeros-estrellas y bailan el baile de la libertad. En la madrugada del Trópico de Capricornio, las águilas saben bailar (MEXICO, JAN/2014) <>
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Raiz. Sem meias-palavras. Semeia palavras. MEXICO. 11 jan 2014
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DANÇA DAS AGUIAS <<à comunidade Zapatista Javier Hernadez>> Sob o céu estrelado do Tropico de Capricórnio, corpos mascarados de homens e mulheres habitam pequenas casas de madeira, milpas, campos de futebol. Grandes músicos celebram à noite a liberdade. Guitarras se mesclam a violinos, marimbas e teclados eletrônicos. Enquanto uns dormem sobre panos coloridos, outros dançam. Alguns apenas observam. Na madrugada do Trópico de Capricórnio, esses homens e mulheres-milho-feijao-calabaça, antes serpente, jaguar, Pakal, sob o céu estrelado, reverenciam companheiros-estrelas e dançam a dança da liberdade. Na madrugada do Tropico de Capricórnio, as águias sabem dançar. Mexico. Jan. 2014
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SER E TER <<à comunidade Zapatista Javier Hernandez>> A lama prende os pneus do caminhão no chão. Expectativa. Céu de um azul profundo Tao profundo quanto as experiências vividas horas e dias depois. São mulheres, homens, crianças e ancianos com suas mascaras negras. À primeira vista, rigidez. Mascarados e mascaradas de pé, costas retas, olhando sempre à frente. Como deve ser. Rígido, porém cálido. Vestidos delicadamente tecidos com fitas coloridas transformam essas mulheres em bonecas mascaradas. Vestidos delicadamente tecidos com fitas coloridas mesclam-se às calças jeans, camisetas coloridas e cintos largos. “O que importa é não esquecermos nossa origem e nossa luta”, diz a garota de 15 anos. Os olhos cálidos e amendoados sob as mascaras. Passamontanhas Paliacate Chujkilal Tzeltal, a língua que estala a língua dentro da boca. É preciso cruzar a montanha. É preciso recuperar terras, Cultivar o solo, Faz