SER E TER
<<à comunidade Zapatista Javier Hernandez>>


A lama prende os pneus do caminhão no chão.
Expectativa.

Céu de um azul profundo
Tao profundo quanto as experiências vividas horas e dias depois.
São mulheres, homens, crianças e ancianos com suas mascaras negras.

À primeira vista, rigidez.

Mascarados e mascaradas de pé, costas retas, olhando sempre à frente.

Como deve ser.
Rígido, porém cálido.

Vestidos delicadamente tecidos com fitas coloridas transformam essas mulheres em bonecas mascaradas.
Vestidos delicadamente tecidos com fitas coloridas mesclam-se às calças jeans,
camisetas coloridas e cintos largos.
“O que importa é não esquecermos nossa origem e nossa luta”, diz a garota de 15 anos.

Os olhos cálidos e amendoados sob as mascaras.

Passamontanhas
Paliacate
Chujkilal

Tzeltal, a língua que estala a língua dentro da boca.

É preciso cruzar a montanha.
É preciso recuperar terras,
Cultivar o solo,
Fazer caracóis.

Fazer, plantar, colher, dividir, somar.

É preciso dizer uma palavra que cruze as montanhas e contagie pequenos e grandes, que se impregne nas roupas, na pele, no sentimento.

PERTENÇA

Palavra poderosa e trabalhosa.

Vamonos! Konikik!
Sembrar o milho.
Desgraná-lo.
Fazer tortilhas.
Comê-las junto.
Compartilhá-las

Vamonos! Konikik!

Aprender a ter pouco mas o necessário para viver bem.

Aprender com as crianças.
O fazer-de-conta universal delas.

Um dia um grupo mascarado de homens, mulheres, crianças, ancianos recuperaram sua terra. Fazia de conta?

A noite que chega. No céu brotam estrelas.

“El camino del futuro”.

Caminhar, ser rígido e cálido.


Sempre.


Mexico. Jan. 2014

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