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Mostrando postagens de 2010
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A árvore do conhecimento Debaixo da árvore pessoas se juntam pelo conhecer novatos iniciados o homem que vende picolés crianças idosos há curiosidade em todos os rostos há um mestre sobre os galhos de uma das árvores há mestres que escrevem no chão com graveto o chão é lousa a árvore reina dá sombra irmana estende seus galhos sobre as cabeças estende suas raízes sob os pés todos provam seus frutos galhos braços tradição quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha o indivíduo ou a sociedade? o homem do picolé responde: dentro do ovo há o pinto o ovo faz parte do pinto voltamos ao dilema inicial não há uma verdade única mas meias verdades nos dizia o grande poeta sabedoria popular e erudita se irmanam sob a sombra do bosque Amargosa. Bahia. 27/11/2006
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Livre adaptação Um caminho sem passos. A asa da ave toca O fio do poste numa tarde de domingo. Duração. Duradouro. O ouro do teu nome Na água que escorre. Debaixo de avencas, palmeiras e casas de marimbondos Toquei teu rosto Dormiste? (São Paulo, Dezembro/2010)
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POEMA PRA BAHIA Um dia me foi imperativo conhecer a Bahia. Me lancei naquelas imagens que, sobretudo por meio das músicas, desde a infância povoaram meu imaginário: A triste Bahia tão dessemelhante triste A roda gigante da Ribeira de Juliana, João e José, A tarde em Itapuã A logoa escura do Abaeté O campo Grande ê! O encontro com cada uma das imagens, Tão abstratas e fantasiosas durante toda minha vida, Foi cheio de ternura e encantamento. Depois vieram outras melodias Que de palavras vazias passaram a ter um profundo significado para mim: O Vapor de Cachoeira Rua da Matriz, do Conde Rio Apolo e rio Suabé Bandeira branca enfiada em pau forte Quando pisei pela primeira vez no Pelourinho Senti um misto de emoção e dor Sentimentos inexplicáveis, mas algo me dizia Que eu era parte daquilo E que aquilo me pertencia Sensação parecida senti quando participei da primeira festa de candomblé em Cachoeira as músicas as danças os cheiros as roupas tudo me
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D E V A N E I O S O N Í R I C O S Com meu vestido florido saí correndo pelas ladeiras De preguiças e moças na janela Parei de repente e então, decidi: Esqueci. Mas... "o esquecimento mágico só dá resultados positivos quando é real e não apenas um truque como modo de enganar o coração". Como no truco, quando dizemos que temos 7 de espada e temos As de ouro. Como no truco, no amor blefamos. Como no truco, que não sei jogar, pois desconheço suas regras e não domino sua malícia. Sou inexperiente. Sou inexperiente. Sou anônima. Sou anônima de vestido florido pela ladeira De preguiças e moças na janela Mas, ninguém pode me ajudar porque ninguém me é. Com meu vestido florido levado pelo vento Eu subo a ladeira De preguiças e moças na janela Se estou triste? Não. Estou sendo. As vezes fico sendo. Quando sou não preciso fazer. Ser já é um fazer. E eu po
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EM CONSTRUÇÃO Ainda procuro respostas sobre mim. Me (re) conheço e me descubro em livros, filmes, lugares. Me (re) conheço, me cubro e me descubro em muitas pessoas que passam pela minha vida. Me iludo. Ora como num espelho de cristal. Me desiludo. Ora como num espelho distorcido. Me engano, amo, odeio. Gosto de pessoas, de nomes. Prefiro a con-vivência, por mais difícil que ela possa aparecer. Gosto do outro que aumenta meus galhos, que estende minhas raízes, que prova meus frutos. Sou mais árvore que pessoa, muitas vezes. Árvores que crianças se penduram, que passarinhos sobem em cima, que faz sombra. Sou lembranças da rua de paralelepípedo, das Maria-sem-vergonhas num passado que não sei se é sonho ou se foi realidade, do caminhãozinho de madeira na rua de areia, das leituras de contos de fada com a mãe e a irmã na cama. A cama daqueles que precisam não somente divi-la, mas precisam aprender desde pequenos
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CIDADE FÁLICA Senhora imponente e gigantesca. Moça de grandes falos símbolos do poder. Hermafrodita da grana, da noite, dos sonhos. Ilusão que metamorfoseia desesperanças. Imensa contradição. Solidão e encontro. (Alessandra Gomes)
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À BOUT DE SOUFFLE Tenho queda pra marginal, o que nao está na ordem do dia me interessa. Nao vivo a vida que prepararam pra mim. Nao meu pai e minha mae. Estes sempre desejaram que eu fosse simplesmente feliz. O que é o mais dificil de se querer pra uma pessoa. Nao sou a vida imposta, Mas me mergulho no trabalho No computador Nos textos Tenho que me submeter à imposições Mesmo nao querendo Mas fujo Fujo sempre que posso Sentar num bar no Recôncavo Conversar com o marginal Viver perigosamente Sair do conveniente Ser conveniente e educada é preciso Falar palvarão Calar palvras Indignação Escrever, escrever, escrever Para nao falar Nao adianta Sou a vida vivida a cada dia Sem mistificação Acompanhada de lembranças de todos os lugares e pessoas que carrego comigo. Sotaques Plurais Somas Idiomas Atabaques Agora quero apenas dormir Morrer momentaneamente. (Alessandra Gomes)