Esquizofrenia

Pessoas que se olham torto
Caras desfiguradas em alguns diálogos
Risos nervosos
Animosidade dissimulada em cordialidade

Um enfermeiro trás morfina para
Atenuar a dor e comportamentos indesejáveis

Uns sobem numa pequena ágora do pátio
Onde tomam banho de sol
E fazem discursos que pregam ao mesmo tempo
A competição e a democracia
A democracia da competição

Sua condição de alienados os permite
Transformar conceitos nobres
em nome da “nobreza” dos interesses individuais

Uns brincam no outro canto do pátio de educar
E jogam educandos contra educadores
Outros, brincando de mestres,
preferem cultivar discípulos

Uns, talvez pelo efeito da morfina
e outros medicamentos
são apáticos
silenciosos
Posicionam-se apenas quando se sentem por demais acuados
Ou por pura conveniência

Numas das paredes do pátio
Há a seguinte descrição:

'Devo seguir até o enjôo?
Esse sanatório causa-me náuseas...
Devo sem armas, revoltar-me?"

Alguns loucos gritam palavras de ordem:
“Não à hipocrisia!!”
Outros, mais calmos,
(uns com olhos parados no ar, boca aberta,
a baba quase escorrendo; outros piscando os olhos
e sorrindo docemente) dizem:
“Tudo corre bem nesse sanatório.
Somos felizes
A comida é farta
Nossa roupa está sempre limpa”
(Alessandra Gomes 16/06/2007)

Comentários

Enquanto isso, em outro lugar do Brasil, esquizofrênicos colocam fogo em outro hospício.
Legal Alê,
adorei!

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