Neste exato momento sinto-me ungida pela luz da lua, das estrelas, da beleza que emana de mim e que me parte toda em pedaços irregulares e me compõe em estilhaços de loucura e calma.
Loucura que é bela porque empurra para um abismo de perguntas que não querem respostas.
Quero ser somente. Ser em plenitude, sem perguntar porque.
O porque dói e agora eu não quero dor.
Quero só gozo.
Nesse exato momento percebo de sobressalto a beleza do estranhamento (há alguns minutos atrás me encontrava em desespero, em sentimentos de inércia) e a loucura da busca, da perda, do encontrar-se na perda. A beleza da busca. O não saber-se busca. O encontro de si no diferente. O desencontro eterno.
O não-saber de mim vem da escuridão das trevas que me ligam ao mundo. Minhas desequilibradas palavras. Luxo meu.
Tirar sumo de fruta dos instantes. Conceber os instantes como sementes vivas. Aprendizagem.
Digo eu porque não ouso dizer tu, vós, eles. Digo eu, mesmo sabendo que sou tudo isso: tu, vós, eles, ustedes, nosotros.
A musicalidade das palavras, da língua.
Digo eu porque é única a experiência do ser-instante. Ser-instante que é eu, tu, ele, nós, vós, eles.
Instante-multiplo. Instantes-cores-pessoas-paisagens.
Pessoas são paisagens.
Outro dia vi uma paisagem que me emocionou. Pensei: já estive nesse lugar, mas há muito tempo...
Uma pessoa me marcou, mas mora lá no esquecimento e agora volta em paisagem. Paisagem é afeto. Sonhei com ela toda a noite misturada a uma infinidade de elementos. Surrealidades.
Outro dia vi um homem bonito e sonhei com ele em meio à paisagem e em meio de mim. Misturado, fundido.
Escrevo sem sentido porque as palavras me vêm e porque não quero sentido. Quero beleza. Quero caos, invenções.
Invento o hoje, o já e instauro o futuro. O futuro é o hoje e foi o ontem.
Eu, bicho da caverna, lugar de medo e maravilhamento. Sou palavra e eco.
(MAZUNTE, pacífico do México, 21 a 25 de janeiro/2012)
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