Da ausência

Se você viesse todos os dias os amanheceres não teriam a cor da frescura e da ausência. Porque a ausência pode ser cintilantemente colorida e cítrica. Não haveria o desejo que repousa nas ausências verde-claras e aveludadas. Sim, porque a ausência pode ser tocada, ouvida e cheirada. Não haveria a lembrança do murmurar da respiração, do calor, do toque, das palavras. Não haveria meu canto nem o som das folhas que voam livres ou a percepção da poeira no vento e os pássaros no céu. Não haveria a borboleta que desabrocha nem a erva daninha que brota da fenda do muro. Não venhas sempre. Tua ausência-alimento-poesia é sábia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog