MULHER

Mulher montanha
Mulher mar
Mulher cais
Mulher terra
Mariposa semeadora
Mulher alimento
Mulher sangue
que brota de si e que fizeram brotar. E que fazem até hoje.
Inutilmente insistiram em te colocar em lugar de subalternidade
Provaste há muitos séculos sua capacidade para amar e compreender
Para pensar e planejar
Mesmo diante de toda negação
Mesmo calada na beira do fogão
Na beira do tanque
Provaste
Ser solidária
Refletir sobre si e sobre o outro
Refletir junto (desde de tão pequenas, como falam essas meninas)
Legaram saberes, historias, experiências para as que viriam depois
Juntas, muitas vezes, lutaram.
Lutam, as vezes de forma distintas, mas lutam.
E se irmanam talvez muito mais que percebam
A filha na academia, a mae na casa da patroa; a filha na empresa, a mae atarefada com os afazeres diários da casa.
A mae analfabeta, mas poeta.
A mae que sozinha criou os filhos.
A avó que criou netos.
A avó que fugiu do marido que lhe espancava. E só, junto com filhos pequenos, comprou sua terra, construiu casas e vive de alugueis até hoje, com 80 anos.
Ofereceram a mão para muitos companheiros que lhes ignoraram.
Não há como esquece-los. Eles fizeram e fazem parte desse crescer,
mesmo que a opção final foi seguir só.
Mulher que olha nos olhos
Que prefere a verdade
Que constrói o mundo
Que chora, ri, fala dos sentimentos
Mulher que é ao mesmo tempo muralha e nuvem, cais, espera, partida.
E sendo montanha, mar, céu, correnteza, movimenta a interminável roda da vida.
Moinho d´água.
E que mesmo não sabendo nadar, se joga nas profundezas do oceano. A ela não basta ficar parada na beira da praia observando o mar.
É preciso prova-lo.

MEXICO. Dez. 2013

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