Ela tinha o corpo todo tatuado por mapas Tinha o mundo no corpo. Ele era via-láctea, imensidão cósmica. Ambos eram universos a serem percorridos. No prazer somos fendas, cheiros, secreções, gotas, palavras desconcertantes. Ninguém sabe do prazer daqueles que se tocam, que abrem e mergulham em fendas escuras e porosas que sentem cheiros que dizem e gotejam. O prazer é o maior segredo dos amantes.
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MÁXIMA MAGIA Madrugada, máxima magia. Me muto. Mulher, menina, me mostro: manga, madura, melada, macia. Me morde. Medo, malícia, mergulho, mistério, mistura. Me mata. Man? Menino? Muleke milgrau: manobra magrela. Muleke milgrau: marcha à margem. Mistura música, menino, menina. Movimento musical move a mudança. Me morde. Mamilo me mostra. Mistura malícia, maldade, madrugada. Magnetismo move o magma. Mímese, mistura. Madrugada – maremoto. Manhã – maresia.
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Da ausência Se você viesse todos os dias os amanheceres não teriam a cor da frescura e da ausência. Porque a ausência pode ser cintilantemente colorida e cítrica. Não haveria o desejo que repousa nas ausências verde-claras e aveludadas. Sim, porque a ausência pode ser tocada, ouvida e cheirada. Não haveria a lembrança do murmurar da respiração, do calor, do toque, das palavras. Não haveria meu canto nem o som das folhas que voam livres ou a percepção da poeira no vento e os pássaros no céu. Não haveria a borboleta que desabrocha nem a erva daninha que brota da fenda do muro. Não venhas sempre. Tua ausência-alimento-poesia é sábia.
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Seguir Guardar cada coisinha. Embrulhar, separar, limpar. Rever fotos, fazer copias, mandar pros amigos. Dobrar as roupas, colocar em caixas, numerar, etiquetar, nomear. Ir guardando e lembrando onde, como e quando comprou. Ver as peças que estão quebradas. Guardar até os pedacinhos. Na rearrumação, colar. Lembrar de histórias que se quebraram, que se perderam, que começaram, que se reformaram... Histórias pequenas, de uma página, histórias longas, histórias em quadrinhos, tirinhas, pequenos contos, crônicas, livros inteiros, histórias sem fim, sem pé nem cabeça. Recordar algumas histórias, alguns amores, amizades. Lembrar daquelas coisas nunca realizadas e das surpresas do caminho. Uma nostalgia de cada coisa. Cada coisa, por menor que seja, leva uma lembrança. Presentear com aquilo que não se quer mais, mas que por muito tempo guardamos afeto. Mudar. Alguns perguntam: nossa, mas como você tem coragem? Você gosta? Sim, eu gosto. É uma forma de acariciar a si e à mem